sexta-feira, dezembro 12

Prelúdio: Rio de Janeiro


Aqui estou. De tanto a ver ao longo da vida, a cidade é-me familiar. E concordo com o poeta, mesmo sem cá ter estado antes: o Rio de Janeiro continua lindo. Uma urbe tentacular que parece inadaptada por rodeada de tanto mato, montanhas e água. Sentir o terceiro mundo pela forma de estar é recordar este jeito simples de ser que tanto amo. O sotaque, as expressões da língua escancarada, os sorrisos e a abertura de simpatia rasgada relembram-me a diferença dos povos alegres. Mesmo que a vida vá mal, não é motivo para se viver triste. Aperceber-me que, quer queira quer não, trago no adn uma cultura nostálgica, com tendência a ser mais fechada no contacto espontâneo com os outros. Saber que é uma pena pesada, mas ao mesmo tempo, entender que é isso que a faz como é. E que lindo e único é esse país pequenininho à beira do Atlântico. Quanto a mim, sou sou um misto de felicidade, fascínio, adaptação e saudade. O cheiro é húmido e agridoce e entranha-se na pele. Há macacos na parede verdejante ao lado do prédio onde moro que vêm roubar comida das casas e me lembram a beleza dos lugares tropicais. Caem bátegas indecisas que refrescam e dão vontade de dançar à chuva. Um calor delicado envolve-me nos braços, indicando o ritmo. E só por ser assim, sinto-me em casa.


Sem comentários: